TUDO. Acho que essa é a palavra perfeita para definir a calça
jeans. Ela vai com tudo, se adapta a tudo, é a típica peça que faz bem sem ver
a quem. E exatamente assim era Renata*.
A história de
Renata é uma história linda, assim como ela, assim como a calça jeans. Que
amiga, que companheira, que alegria de viver.
Já reparou que
calça jeans é uma peça que compramos sempre? Não importa quantas você já tenha
no armário, é sempre bom ter outra e você sempre quer outra, uma para ir a
escola/faculdade, uma para ocasiões especiais...a lista seria grande. E, bom,
todos se sentem assim quanto à Renata, nunca é demais tê-la por perto.
Ela é convidada
para tudo, e ela vai com o maior prazer, da mesma forma que a calça jeans
sempre está em todos os lugares. Mas como tudo nessa vida, as pessoas sempre
tem que passar por provas de fogo e se adaptar as situações da vida.
Em um dia muito
cinzento, daqueles que parece que o céu está caindo, Renata saiu para fazer
compras. E o primeiro item é claro, seria uma calça jeans nova. Mas para sua
surpresa, em nenhuma loja que ela entrou ela achou o seu número. Fato curioso,
pois a numeração de Renata é uma das mais comuns.
Não se deixando
abalar, ela continuou com seus afazeres. Chegou em casa, pois água para ferver,
colocou uma música calma e deu uma perfumada no ambiente. Passados 5 minutos o
telefone tocou. Era do hospital municipal e a enfermeira a informara que seus
pais haviam sofrido um acidente em casa e os dois morreram na hora. “Black
Out”. Renata deu dois passos para trás e rasgou a calça jeans que usava. Ela
estava em choque.
Desligou o
telefone, foi calmamente até a cozinha e desligou o fogão. Telefonou-me e como
se nada tivesse acontecido, me pediu para acompanhá-la até o hospital.
Durante o caminho
ela não disse uma só palavra, estava com os olhos muito arregalados e nem se
quer trocou a calça rasgada. E era um rasgo enorme, como o de seu coração.
Depois de 1 hora de espera, a enfermeira a chamou, explicou o que tinha
acontecido, e só depois que ela reconheceu os corpos, conseguiu chorar. Chorou
muito. E cada gota que caia sobre sua calça, parecia como uma bomba.
O que todos
esperavam que acontecesse é que ela iria se fechar para o mundo, se isolar,
passar dias vestida com o mesmo moletom cinza e velho, e tentar dia a pós dia
se reconstruir. Mas como eu disse lá em cima, a história dela é linda.
A primeira coisa que ela fez quando chegou em
casa foi costurar sua calça jeans. Depois ligou para a funerária e se pois a
organizar o velório de seus pais, que posso dizer com toda certeza, foi o mais
emocionante que já presenciei.
Estava tudo
decorado com a cor azul de calça jeans, e o convite pedia claramente para que
todos fossem usando calças jeans. Seus pais estavam de calça jeans. E quando
ela foi discursar, explicou o porquê das mesmas. Renata pensava exatamente como
eu, e sabia que ela era uma calça jeans, lembro-me como se fosse ontem de suas
palavras:
“Calça jeans nunca sai de moda, ela é
versátil, básica, confortável e se reinventa de mil maneiras, assim como eu,
assim como meus pais, assim como vocês. A vida deve ser como a calça jeans,
deve ser azul, deve ser alegre, e deve se reinventar sempre, sem nunca sair de
cena, um ajuste aqui, uma nova tendência que aplicamos nela, mas sempre junta
de nós. Meus pais viverão para sempre em meu coração, e no de todos vocês,
podem se passar anos e anos, eles nunca sairão de cena. Podem se mudar as
tendências, a calça jeans sempre estará presente.”
Acho que
isso diz tudo não é leitor(a)? Devemos ser mais calça jeans, ser mais Renata, e
não perder a força de viver, fazer o bem sempre e ajudar sempre, se adaptar as
situações da vida. Não é porque você não tem a saia étnica da vez que você deve se
sentir menos "cool". Tem uma calça jeans? Pronto. É dela que você
precisa.
Sabe
o que é que a Renata sempre nos dá de presente? Calças jeans.
FIM
*nome fictício